#24 Sobre leituras recentes, organização de estantes e um bolo
Este não é o texto que havia pensado originalmente para essa semana. Minha ideia inicial era fazer um comentário sobre a minha busca por um aplicativo ou método que substitua o Instagram, uma vez que sinto falta de compartilhar trivialidades do meu dia a dia com que possa se importar. Mas lá pela metade do texto concluí que meu problema não é a falta de apps, mas sim minha inabilidade em comunicar adequadamente cara a cara com as pessoas, e assim eu busco online as conexões que não consigo manter fora das telas. Dessa forma, achei que seria melhor deixar para discutir o assunto na terapia.
Então hoje decidi compartilhar com vocês algumas diquinhas de coisas bobas que andei fazendo offline, e que me deixaram feliz! Espero que perdoem essa blogueiragem de lifestyle doméstico, mas se essas cartinhas têm sido um meio de expressão importante para mim, porque não utilizá-las, não é mesmo?
Dicas de leitura
Última leitura: O Rei de Amarelo, de Robert W. Chambers (editora Darkside)

Uma peça de teatro amaldiçoada leva à ruína todos que a leem, entrelaçando com nossa realidade os horrores e desamparo de uma outra dimensão (ficcional ou não) governada por uma entidade implacável, o Rei de Amarelo. Este é o tema em comum a todos os contos reunidos nessa obra, sejam as calamidades de origem insólita ou da condição humana.
A bela edição da editora Darkside traz um prefácio muito interessante que contextualiza a obra no período de sua primeira publicação, em 1895, e a sua influência na literatura de horror; e antes de cada conto há um breve resumo sobre a relação da história e seus personagens com as demais histórias do livro.
As histórias são envolventes e consegui me importar com os personagens. Também me agradou que o autor não trata suas personagens femininas com desprezo ou violência.
Quanto à misteriosa natureza do Rei de Amarelo, eu tenho um palpite, que ficarei feliz em discutir com quem já leu o livro, mas não vou revelar aqui para não dar spoilers ou enviesar a leitura de ninguém.
Leitura atual: O Caminho de Perséfone, de Obsydiana (editora Goya)
Talvez a versão da deusa helênica Perséfone mais conhecida atualmente seja aquela da pobre donzela indefesa filha de Deméter, que foi raptada por Hades, seu tio e soberano do submundo, e forçada a se tornar sua esposa. Mas o que você talvez não saiba é que esta é uma releitura recente (e um tanto incorreta) de seu mito, que se transformou muito ao longo do tempo e espaço geográfico, moldando-se às estruturas sociais de onde sua história é contada.
A autora apresenta uma série de evidências históricas e arqueológicas do culto à Perséfone na Grécia e Itália que sugerem que a deusa era tanto venerada quanto temida por seu caráter dual. Para seus devotos, Perséfone representa o acolhimento e mistérios da morte e a fertilidade da primavera, sexualidade e vingança e, acima de tudo, transformação - o seu mito versa sobre os ciclos da vida e sobre abraçar nossas sombras para que possamos encontrar nossa luz.
O livro também traz alguns capítulos dedicados à práticas mágicas para quem deseja trabalhar com a deusa.
Dicas para deixar a decoração de suas estantes mais interessante
Falando em livros, umas semanas atrás tirei um tempo para reorganizar minha estante (Painel 1, fig.1). Não é uma estante grande ou sofisticada, mas tem muito valor afetivo pois foi a primeira coisa que comprei com meu primeiro salário, e montei-a junto com meu pai. Gosto que ela mostre um pouco da minha personalidade não só através da minha coleção de livros, mas na decoração também.
Para deixá-la visualmente mais interessante, eu aplico dois princípios: a criação de movimento e adição de itens pessoais.
A criação de movimento diz respeito a organizar livros e enfeites de forma que o olhar percorra a prateleira em diferentes direções, ao invés de apenas na horizontal (Painel 1, Fig. 3). Para isso, você pode agrupar enfeites de diferentes proporções, distribuí-los entre ou sobre livros, ou intercalar livros na vertical com blocos de volumes empilhados. Eu sei, eu sei, empilhar livros é um ato um tanto quanto controverso, ou você ama ou odeia. Mas fica aí a sugestão!
Já a adição de itens pessoais é autoexplicativa. Você pode incluir objetos que fazem parte da sua história, reflitam seus gostos e personalidade. Na minha estante coloco lembrancinhas de viagens, alguns presentes e plantinhas.
Não sou contra adquirir novos enfeites para esta finalidade, mas não acredito que seja necessário. Acumulamos muitos objetos que podem ser ressignificados como itens de decoração (painel 1, fig 2), e pode ser um bom exercício de criatividade reencontrar esses tesouros perdidos no meio de nossos guardados (ou no de familiares).

Receita de Mud Cake
Recentemente recebi alguns amigos aqui em casa para fazermos juntos artes manuais (como é difícil encontrar uma data boa pra todo mundo!!) e preparei para eles uma receita de mud cake. Essa foi uma sugestão de um dos amigos do grupo que não pôde estar presente, porque mora na Suécia, mas que a gente queria que participasse de alguma forma. Ele contou que este é um bolo muito popular por lá, e que é servido com frutas vermelhas e chantilly. É bem fácil de fazer e o pessoal adorou! Lembra muito um brownie. Não tirei foto porque ficou feiozinho, mas confiem em mim que fica muito gostoso! Vou deixar a receita traduzida aqui, e um vídeo com as instruções (em inglês).
Materiais para scrapbook
Publiquei no Notes (o twitter do substack) uma lista com todos os materiais que utilizo no meu scrapbook, e achei que poderia ser interessante trazer esse post aqui para a news também, para aqueles que leem apenas por email :)
Scrapbooking não precisa ser um hobby caro. Muitos desses materiais podem ser reaproveitados, por exemplo, papeis e fitas de embrulhos podem ser usados para criar estampas para páginas, etiquetas e envelopes. Também é legal priorizar a compra de materiais duráveis, por exemplo, réguas de gabarito, stencil e carimbos ao invés de adesivos, que acabam rápido.
Por hoje é só, pessoal! Adoraria saber se gostaram desse formato, e se deveria repeti-lo no futuro. Você também pode compartilhar o que tem te feito feliz offline através da sessão de comentários no app do Substack, ou respondendo a este email.
adorei esse formato de texto, malu! eu amo saber o que tem inspirado as pessoas nos últimos tempos, acabo me inspirando junto heheh
Amei ler “O Rei de Amarelo”. Mas minha edição não é essa lindona da Darkside. Que edição primorosa! Eles arrasam!